O Rio Grande do Norte se consolida como maior produtor de melão do País com uma produção de 604 mil toneladas em 2023. O volume expressivo é sete vezes maior que o da Bahia, com 85,3 mil toneladas, e nove vezes mais que o Ceará, que produziu 65,8 mil toneladas no mesmo período. Além disso, a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, no ano passado, o Estado aumentou o valor da produção agrícola para R$ 3,5 bilhões e expandiu as áreas plantadas.
O melão representou 23,5% da produção agrícola do Rio Grande do Norte, com protagonismo para as áreas de Mossoró, Baraúna e Apodi, no Oeste potiguar. Em comparação com o ano de 2022, houve um crescimento de 36,7% na produção de melão, o que representa um acréscimo de 162,5 mil toneladas em apenas um ano. O aumento não ocorreu apenas no volume produzido, mas também no valor de produção, que subiu de 18,7% em 2022 para 23,5% em 2023.
A cultura, além de ser essencial para o agronegócio potiguar, é um pilar econômico e social, ao gerar empregos diretos e indiretos e movimentar a economia em diversas regiões do Estado, afirma Guilherme Saldanha, secretário de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape).
“Empresas de outros estados e de outros países, como Espanha e Canadá, estão investindo na produção de melão no RN. As questões climáticas, de solo, nos favorecem. Isso gera crescimento, desenvolvimento e oportunidades”, comenta.
O melão potiguar, além de abastecer o mercado interno, é amplamente exportado. A demanda externa, especialmente de países europeus e do Oriente Médio, é um dos principais motores do crescimento da produção. O melão potiguar é conhecido internacionalmente por sua qualidade superior, doçura e textura, características que o colocam entre os melhores do mundo, aponta Carlo Porro, CEO e fundador da Agrícola Famosa, maior produtora de melões e melancias do País.
“Temos uma produção muito importante, essa consolidação não chega a ser uma surpresa porque acompanhamos isso há muito tempo. Acredito que esse número de 600 mil toneladas tenha uma tendência até para aumentar porque temos visto um mercado comprador lá fora, nós mesmos na Famosa estamos aumentando bastante a área de produção, então a tendência é de subir. Fizemos investimentos no Porto de Natal, dobramos o tamanho do navio, estamos transportando tudo em carretas frigoríficas específicas”, acrescenta.
A PAM mostrou ainda que cana-de-açúcar e banana apresentaram aumento em toneladas em 2023 quando comparado a 2022, mas o percentual de participação no valor da produção reduziu de 25,8% para 20,1 e de 16,5% para 11,0%, respectivamente. Além do melão, em 2023, Estado também se destacou nacionalmente nas produções de mamão (3º lugar) com cerca de 138 mil toneladas; abacaxi (6º) com cerca de 65.230 frutos por hectare; castanha de caju (2º) com cerca de 32 mil toneladas; melancia (5º) com cerca de 147 mil toneladas e batata-doce (5º) com cerca de 66 mil toneladas produzidas.
Produção alcançou R$ 3,5 bilhões em 2023
O Rio Grande do Norte registrou um aumento de 22,4% no valor total da produção agrícola em 2023. O estado alcançou um montante de R$ 3,5 bilhões, resultado da produção combinada das lavouras temporárias e permanentes. As culturas permanentes são aquelas que possuem um longo ciclo vegetativo, que permitem colheitas sucessivas, sem necessidade de novo plantio e as culturas temporárias são aquelas de curta ou média duração – geralmente inferior a um ano – em que após a colheita faz-se necessário iniciar um novo plantio.
O desempenho positivo da agricultura foi puxado principalmente pelas lavouras temporárias, que somaram R$ 2,3 bilhões em valor de produção, o que representa um aumento de 20,6% em comparação a 2022. Esse tipo de cultivo inclui culturas como o melão e a melancia, que se destacam pela alta demanda interna e externa.
As lavouras permanentes, como a cana-de-açúcar, a banana e a castanha de caju, também mostraram um avanço robusto, com uma elevação de 26,3%, atingindo R$ 1,1 bilhão no valor da produção.
A área plantada no Estado cresceu acompanhando a expansão do agronegócio potiguar. As lavouras temporárias tiveram uma alta de 12,3%, passando a cobrir 264 mil hectares. As lavouras permanentes, por sua vez, tiveram ampliação de 11,8%, com 91 mil hectares de áreas plantadas. A área colhida total foi de 325 mil hectares, uma redução de 9,7% em relação à área plantada de 356 mil hectares.
Fonte: Tribuna do Norte/Foto: Robson Carvalho