A exposição “Dona Fulô e Outras Joias Negras”, promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), estará em exibição no Museu de Arte Contemporânea da Bahia, em Salvador, a partir de 7 de novembro.
Com curadoria voltada para o protagonismo de mulheres negras que desenvolveram a “economia da liberdade” em pleno Brasil colonial, a mostra apresenta uma coleção rara de joias conhecidas como “Joias de Crioula”.
Além disso, a exposição marca o lançamento do livro “Florindas”, que amplia o contexto histórico-cultural das peças exibidas e narra a trajetória das mulheres que as possuíram.
A inspiração inicial para a mostra surgiu do encontro do colecionador baiano Itamar Musse com a imagem de uma mulher negra, adornada com joias e vestes de riqueza singular. Essa imagem foi identificada como Dona Fulô, figura central da exposição e símbolo de resistência cultural. Musse buscou desvendar a história de Dona Fulô e compreender o valor simbólico dessas peças, que representam a preservação da cultura ancestral africana e da autoestima das mulheres negras no Brasil escravista.
A mostra é organizada em três núcleos principais, cada um abordando diferentes aspectos da história e das conquistas dessas mulheres.
O núcleo “Histórias Florindas” leva o visitante ao Brasil dos séculos XVIII e XIX, explorando as práticas de mulheres negras que conquistaram sua liberdade com trabalho nas ruas e a maneira como expressaram a herança africana. Por meio de obras de artistas como Pierre Verger, Vik Muniz e Vicente de Mello, essa seção ilustra o contexto social e cultural das “Joias de Crioula”.
No segundo núcleo, “Raras Florindas”, a coleção de joias reunida por Musse é apresentada ao público junto a retratos e tecidos que reforçam o simbolismo das peças. Florinda Anna do Nascimento, conhecida como Dona Fulô, aparece como a principal inspiração, com suas joias exibidas para exemplificar a tradição e a riqueza cultural que elas representam.
O terceiro núcleo, “Armas Florindas”, destaca a produção contemporânea de artistas negros brasileiros que dialogam com a história e a memória dessas mulheres, promovendo novas interpretações poéticas. Essa seção exibe esculturas, vídeos e objetos criados por artistas como Charlene Bicalho, Paulo Nazareth e Sonia Gomes, que reimaginam as joias de Dona Fulô como símbolos de liderança, proteção e espiritualidade.
A exposição é complementada pelo lançamento do livro “Florindas”, organizado por Itamar Musse e o editor Charles Cosac.
Dividido em volumes, o livro explora em detalhes a história de Florinda Anna do Nascimento e de outras mulheres negras da Bahia dos séculos XIX e XX, abordando o contexto de vida dessas mulheres e os desafios enfrentados. A obra conta ainda com contribuições de renomados pesquisadores e escritores, como Eduardo Bueno e Lilia Moritz Schwarcz.
Patrocinado pelo Banco do Brasil, com apoio de instituições como o Museu de Arte Contemporânea da Bahia e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, o projeto reafirma o compromisso do CCBB com a preservação e valorização da cultura afro-brasileira.
Com unidades no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, o CCBB está em processo de instalação de sua sede em Salvador, localizada no Palácio da Aclamação, antigo palácio governamental. Mesmo antes da inauguração oficial, o CCBB já realiza atividades culturais na cidade, promovendo a integração e valorização da ancestralidade negra na construção da identidade brasileira.
SERVIÇO
O quê: Dona Fulô e Outras Joias Negras
Onde: Museu de Arte Contemporânea (MAC-BA) – Rua da Graça, 284, Graça, em Salvador
Abertura para o público: dia 7 de novembro (quinta-feira)
Lançamento do livro e conversa com o editor Charles Cosac, às 16h
Bate-papo com as curadoras Carol Barreto, Eneida Sanches e Marilia Panitz , às 19h
Visitação: de 7 de novembro de 2024 a 16 de fevereiro de 2025
Dias/Horários: terça-feira a domingo, das 10h às 20h