O multiartista Antonio Nóbrega está de volta ao Recife para um momento especial: ele será a atração principal do concerto de abertura da programação natalina da cidade, neste próximo domingo (1º), às 19h, na área externa do Parque Dona Lindu. Ao lado da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR), sob a regência do maestro Lanfranco Marcelletti Jr., Nóbrega apresentará um repertório que promete emocionar o público com sua diversidade e riqueza cultural.
Compositor, instrumentista, intérprete e dançarino, Nóbrega expressou seu prazer em participar desse evento especial. “São duas alegrias: me apresentar em minha cidade e tocar com a Orquestra Sinfônica do Recife, com quem já toquei algumas vezes no início da minha carreira. Apresentar-me com essa orquestra no ambiente público é algo muito especial”, destacou o artista.
Nóbrega, que tem uma trajetória marcada por espetáculos inovadores e pela valorização da cultura brasileira, ressaltou que o repertório será majoritariamente composto por suas obras, com destaque para composições criadas em parceria com Wilson Freire e Bráulio Tavares. Clássicos de outros autores também estarão presentes, como “Serenata Suburbana”, de Capiba, e o icônico “Trenzinho Caipira”, de Villa-Lobos, que ele interpretará em uma versão cantada e cirandeira.
“Serenata Suburbana” é uma música que eu não canto há muito tempo, mas senti vontade de cantá-la. É algo nostálgico, que toca fundo nas pessoas. Acho que vai ficar bonito no ambiente do Parque Dona Lindu”, comentou.
Além disso, o espetáculo contará com a participação especial do bandolinista Marcos Cézar, que se juntará a Nóbrega para uma interpretação única do “Primeiro Movimento do Concerto Ré Menor”, de Bach, originalmente composto para violinos, mas adaptado para bandolins nesta apresentação.
Ainda dentro das composições selecionadas para o espetáculo, destaca-se Clovinho no Frevo, obra criada pelo maestro Clóvis Pereira em homenagem a seu filho, Clóvis Pereira Filho, o Clovinho. O momento ganha um significado especial nesta edição, pois Clovinho, que também é o spalla da OSR, estará no palco ao lado de Nóbrega, interpretando a peça que leva seu nome. A apresentação será marcada por um toque de saudade, já que o maestro Clóvis Pereira, uma das figuras mais icônicas da música brasileira, faleceu recentemente, deixando um legado inestimável.
Para o artista, que não se apresenta com frequência na capital pernambucana fora do Carnaval, este concerto será uma oportunidade de reconexão com o público recifense. “A alegria é redobrada por estar de volta, tocando para o meu público no Recife”, finalizou.
O concerto é gratuito e faz parte de uma ampla programação que celebra o Natal no Recife, reforçando o compromisso da cidade com a valorização de sua cultura e tradições.
Repertório:
Abertura: Suíte Nordestina (Maestro Duda)
Ponteio acutilado (Antonio Nóbrega)
Tirando a Casaca (Antonio Nóbrega)
Clovinho no frevo (Clóvis Pereira)
Primeiro movimento do Concerto ré menor de Bach. (Escrito originalmente para dois violinos, será tocado por bandolins por Antonio Nóbrega e Marcos Cézar, convidado especial)
Triunfando (Marcos Cézar-João Lira)
Minha voz não silencia (Antonio Nóbrega-Wilson Freire)
Serenata Suburbana(Capiba)
Mateus embaixador(Antonio Nóbrega)
Chegança (Antonio Nóbrega-Wilson Freire)
Trenzinho caipira(Villa Lobos), em versão cantada e cirandeira
Carrossel do destino (Antonio Nóbrega-Bráulio Tavares)
Despedida(Antonio Nóbrega)
O artista
Antônio Nóbrega, nascido no Recife, Pernambuco, em 1952, é violinista, compositor, ator e dançarino, reconhecido por sua contribuição à cultura brasileira. Iniciou sua trajetória artística como violinista, participando das orquestras de Câmara da Paraíba e Sinfônica do Recife. Em 1971, integrou o Quinteto Armorial, criado por Ariano Suassuna, que buscava mesclar música de câmara e raízes populares. A partir de 1976, passou a criar espetáculos que uniam música, dança e teatro, como Brincante, Madeira Que Cupim Não Rói e Na Pancada do Ganzá. Apresentou-se em festivais internacionais, como o de Avignon, na França, e em cidades da Europa e América.
Fundou, ao lado de sua esposa Rosane Almeida, o Instituto Brincante, em São Paulo, espaço dedicado à difusão da cultura brasileira. É autor de espetáculos e séries que destacam danças e ritmos tradicionais, como o frevo e o maracatu. Recebeu prêmios de destaque, como o Shell, TIM e APCA, além da Comenda do Mérito Cultural. Em 2014, foi homenageado no Carnaval do Recife e estrelou o filme Brincante, premiado como Melhor Documentário pela Academia Brasileira de Cinema. Atualmente, dedica-se a novos projetos artísticos e à escrita de ensaios sobre a cultura brasileira.