Quais os desafios que o mundo, o Brasil, o Nordeste, Pernambuco e o Recife encontrarão em 2025? Como enfrentar as grandes mudanças que estão ocorrendo em todo o planeta em relação às questões climáticas, crises geopolíticas e à disrupção digital? Esses foram alguns dos tópicos levantados durante a palestra “Escassez: crise imediata e soluções que precisamos encontrar”, que o consultor e sócio-fundador da TGI Consultoria, Francisco Cunha, apresentou na 26ª edição da Agenda TGI | Painel 2025, realizada na última terça-feira (26), no Teatro RioMar Recife.

Mundo

Este ano, o tema da Agenda TGI partiu de uma inquietação de Francisco Cunha e Fábio Menezes sobre a escassez, sobretudo, de atenção das pessoas a problemas extremamente graves. Um deles está relacionado às mudanças climáticas, que só têm piorado nos quatro cantos do planeta e que deixaram 2024 ainda mais quente do que o ano anterior, sendo esse considerado o mais quente da história. E, mesmo com dados alarmantes, o homem parece não enxergar e continua com sua participação ativa nos extremos climáticos.

“Vivemos uma verdadeira ebulição global”, alertou Cunha, relembrando o que já disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres: a era do aquecimento global acabou, mas a era da ebulição global chegou, com grandes enchentes, incêndios e um calor escaldante.

Outro ponto que tem tomado pouco a atenção das pessoas, segundo o consultor, é a disrupção digital. “Deve-se observar isso com bastante atenção, pois tem relação direta com o futuro. E, ainda junto, avança a Inteligência Artificial, que vai seguir provocando mudanças importantes no trabalho e nas relações pessoais, no dia a dia das pessoas.”

Mais um ponto que Francisco Cunha sinalizou foi em relação à escassez de atenção para a intolerância geopolítica, com as disputas, por exemplo, instaladas no Oriente Médio, entre Israel e Irã. Isso traz efeitos diretos naquela região, mas pode ter faíscas em outros pontos do mundo, sobretudo com o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Brasil

No território nacional, entram em destaque também as mudanças climáticas, com as enchentes, o calor extremo no centro do país, várias queimadas espalhadas pelas regiões e tantos outros problemas enfrentados pelos grandes centros no Brasil. No meio disso tudo, o Brasil olha para frente sendo a sede da COP 30, que acontecerá em Belém, no Pará.

Outro ponto importante, segundo o consultor, é a escassez de atenção ao chamado “narcoestado”, uma ameaça do crime organizado no Brasil. “São facções que estão tomando conta de negócios para lavar o dinheiro do crime e se fortalecer como instituição. Não se tem enfrentado isso como deveria ser feito. Há necessidade de um movimento nacional. Não se pode ter limites estaduais; é algo de abrangência maior”, afirmou Francisco. Ainda sobre o crime organizado, ele enfatizou os avanços, como o uso de criptomoedas, aplicações financeiras com grandes volumes de dinheiro e, recentemente, uma queima de arquivo com o assassinato do delator do PCC em frente ao maior aeroporto da América Latina, o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O que evidencia a violência instalada com o domínio do crime organizado, que termina por ameaçar os investimentos de ordem internacional no país.

Nordeste

Em relação à região Nordeste, do ponto de vista também das mudanças climáticas, surge a primeira zona árida, que expande o clima semiárido pelo polígono da seca. Um quadro que traz um impacto grande para a região. “Outro destaque é o desmonte da malha ferroviária que desconecta os portos, inclusive de Suape, quando a concessão está ainda em vias de ser entregue, já que o território de Pernambuco foi retirado do contrato de concessão.”

Pernambuco

Sobre Pernambuco, Francisco Cunha destacou as importantes pesquisas que a TGI vem desenvolvendo há 30 anos, como “Pernambuco Afortunado”, “Pernambuco Competitivo” e “Pernambuco Desafiado”, as quais forneceram subsídios importantes para o projeto “Pernambuco 2035”, levando a um entendimento mais profundo da realidade do estado. O modelo de desenvolvimento de Pernambuco, gerado em meados do Século XX pelo Padre Lebret, após todos esses anos, mostra-nos que esse modelo foi esgotado, mesmo com a criação de Suape. E, por isso, vem a necessidade da Transnordestina para fazer o porto de Suape ter, de fato, a sua função e interligar os grandes centros. “Sem uma ferrovia que dê suporte ao porto, na retaguarda, não existe função para ele além do âmbito regional. Todos os grandes portos no mundo contam com uma malha ferroviária a seu serviço”, reforçou Cunha.

Assim, faz-se necessário redesenhar um outro modelo de desenvolvimento e competitividade para Pernambuco. Dentro disso, foi criado o projeto “Pernambuco em Perspectiva”, uma série de eventos que vem analisando aspectos importantes que articulam ciência, empreendedorismo, tecnologia, sustentabilidade, educação de salta qualidade, entre outras áreas.

Recife

Os extremos discutidos em âmbito mundial, nacional, regional e estadual pesam ainda no município. O Recife iniciou um processo de planejamento no qual se insere o projeto Parque Capibaribe e o projeto “Recife Cidade-Parque”, que sinaliza para o aniversário da cidade de 500 anos. “A visão de futuro é ter uma cidade estruturada para enfrentar o aumento do nível do mar, controlar as enchentes e estar pronta para todas as dificuldades.”

Francisco Cunha apresentou na 26ª edição da Agenda TGI | Painel 2025. Fotos: Divulgação