Uma mostra de arte popular vai aproximar maceioenses e turistas do universo mágico do sertão alagoano, durante o mês de abril. Reflorilha: Exposição Sustentável da Ilha do Ferro tem como objetivo destacar a intersecção entre artesanato e sustentabilidade na região, por meio de peças feitas com madeira de Nim, que embora seja uma espécie prejudicial à caatinga, se apresenta como uma alternativa sustentável para os artesãos, ou seja, uma opção à utilização de madeiras nativas.
“Este projeto é importante para a Ilha do Ferro, pois integra práticas sustentáveis ao artesanato local, preservando o ecossistema e apoiando a economia da região”, afirma a produtora do evento, Ana Sandes. Ela explica que a exposição conta com 34 artistas que apresentarão as suas obras por meio da Associação de Artesanato em Madeira da Ilha do Ferro.
O Nim é uma espécie exótica originária da Índia, que invade os ecossistemas locais, prejudicando a biodiversidade. Sua madeira, embora considerada problemática, pode ser transformada em peças artesanais, oferecendo uma alternativa de uso sustentável. Esse uso será testado pela primeira vez pelos artesãos, por isso o projeto tem caráter experimental.
“É uma madeira que causa esterilidade em insetos polinizadores e é abortivo para animais, afetando negativamente a fauna local. A invasão dessa espécie compromete a biodiversidade da caatinga e representa um desafio para o ecossistema”, completa Ana Sandes.
A utilização da madeira de Nim no artesanato, portanto, é um experimento sustentável e ainda oferece uma oportunidade de reverter esses danos ambientais. Ao mesmo tempo, permite que as madeiras nativas tenham mais tempo para crescer e se desenvolver promovendo a recuperação do ecossistema local.
Os artesãos que trabalham na Ilha do Ferro são diretamente beneficiados pelo projeto, pois têm a oportunidade de expor e vender suas peças feitas com madeira de Nim, reforçando a sustentabilidade. Isso não só gera renda, mas também fortalece a prática de sustentabilidade no artesanato local.
“Trazer a exposição para Maceió permite uma maior interação do público com as peças e os artesãos, proporcionando uma experiência cultural rica e educativa sobre a importância da preservação ambiental”, explica Ana Sandes. Ela também faz questão de destacar que o evento traz um impacto positivo para a comunidade local, promovendo a conscientização sobre práticas sustentáveis e a importância da preservação do ecossistema, e isso fortalece a identidade cultural da Ilha do Ferro.
Replantio e sustentabilidade
Os artesãos da Associação de Artesanato em Madeira da Ilha do Ferro também realizam o replantio das espécies utilizadas em seus produtos, promovendo a regeneração do ecossistema. A ação visa não apenas garantir a continuidade da matéria-prima, mas também restaurar a biodiversidade local da caatinga.
O projeto visa equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, combatendo a ameaça da madeira de Nim. “Através de iniciativas sustentáveis, a gente busca garantir que a economia local prospere, sem comprometer a saúde dos ecossistemas da caatinga. Isso também significa a valorização da identidade cultural da comunidade, garantindo que as práticas tradicionais sejam preservadas para as futuras gerações”, conclui Ana Sandes.
A exposição é uma produção de Ana Sandes, realizada com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Secult/AL, com apoio da Agência Sururu, Casa Tanto, Mobilize e Okan. Todos os artesãos que participam da Reflorilha são da Associação do Artesanato em Madeira da Ilha do Ferro.
Fonte: Cada Minuto