Últimos dias da exposição “Pequena Coleção das Dores” de Luciana Padilha no Mercado Eufrásio Barbosa em Olinda

Segue até próximo domingo, 11 de maio, no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, a exposição Pequena Coleção das Dores, da artista, pesquisadora e professora Luciana Padilha. Com curadoria de Rebeka Monita, a mostra é um desdobramento do projeto de doutorado da artista, desenvolvido entre 2019 e 2024, que explora a relação entre criação e dor a partir de um inventário poético e visual. A exposição — aprovada no edital da Lei Paulo Gustavo, realizado pela Prefeitura de Olinda com recursos do Governo Federal — reúne mais de 200 imagens, divididas em núcleos temáticos, além de outros trabalhos que dialogam com os processos criativos e afetivos da artista.

O ponto de partida do trabalho foi o Inventário das Dores, uma obra composta por palavras recortadas de um dicionário que contêm a sílaba ou as três letras “dor” em sua grafia, como “adorável”, “caminhador” ou “adormecida”. “Eu saí recortando de um dicionário todas as palavras que continham a sílaba ou as três letras em sequência para recortar e colar. Isso virou uma obra que vai estar lá presente”, explica Luciana. O inventário, com mais de 1.767 palavras, não representa necessariamente a dor em si, mas abre caminho para uma ressignificação desse sentimento através da arte.

A partir desse inventário, a artista transformou as palavras em imagens fotográficas capturadas com uma câmera lambe-lambe, também conhecida como câmera ambulante ou de jardim. “A ideia era trabalhar realmente o sentido dessas palavras, não necessariamente representar a dor. O trabalho todo do doutorado é uma ressignificação desse entendimento de dor.  Com a Pequena Coleção das Dores, a ideia passou a ser traçar um caminho a partir das palavras do inventário, conectando-as aos sentidos e lugares que elas têm na minha própria trajetória. Esse mapeamento é, na verdade, um processo de transmutação — uma forma de olhar para essas dores através da arte, dando a elas novos contornos e significados”, afirma Luciana.

A escolha da câmera lambe-lambe, em contraste com a fotografia digital contemporânea, resgata um processo artesanal e intencional, convidando o público a refletir sobre memórias, afetos e dores coletivas.

A curadoria de Rebeka Monita organizou a exposição em núcleos temáticos que refletem a poética de Luciana Padilha. “São mais de 200 imagens nesse núcleo que é a Pequena Coleção das Dores e mais seis outros trabalhos. Vamos ocupar as duas salas do Mercado Eufrásio Barbosa, além de uma pequena instalação que ficará no pátio de entrada”, explica a curadora. Entre os núcleos, destacam-se o Grupo dos Sonhadores, com retratos de amigos fotografados no Coreto, na Praça do Carmo de Olinda; o Grupo do Colecionador, que reúne imagens e palavras capturadas em positivo e negativo; e o Grupo Redor, que explora o entorno das ladeiras de Olinda, marcando a vida da artista.

“Perceba que todas essas palavras têm a sílaba ‘dor’ dentro delas, porque faz parte desse processo a criação de um inventário de palavras que ela fez. São mais de 1.500 palavras que têm a ‘dor’ dentro delas”, salienta Rebeka. A curadoria também destaca a relação entre palavra e imagem, presente em fotografias, desenhos e no próprio inventário. “A palavra grita, pulsa de diversas formas. Na exposição, você vai ver a palavra na fotografia, a palavra no desenho, a palavra na palavra, no inventário”, reflete a curadora.

O processo curatorial foi marcado por um diálogo próximo entre a curadora e a artista. A exposição reflete não apenas a técnica e a paixão de Luciana pela fotografia analógica, mas também sua capacidade de transmutar dores em arte. 

A cartografia foi o método criativo escolhido, mapeando não apenas espaços físicos, mas também territórios emocionais. O conceito de cartografia empregado no projeto parte da ideia de que a artista está fazendo um grande mapeamento dessas dores inevitáveis ao ser humano. A fragilidade e a efemeridade se misturam com a alegria da memória e da afetividade. 

 “A cartografia é metodologia. Ela é que vai fazer um mapeamento dessa interação entre dor,  arte e subjetividade. Eu vejo esse trabalho todo, incluindo o doutorado, como um guia dinâmico, que vai se desdobrando na investigação. Um guia que vai criando conexões, um fluxo. Essa metodologia é inspirada em pensamentos de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Eu usei muito também a referência da Suely Rolnik pra marcar o trabalho”, detalha Luciana. 

Serviço:
Exposição Pequena Coleção das Dores
Artista: Luciana Padilha
Curadoria: Rebeka Monita
Local: Mercado Eufrásio Barbosa – Olinda/PE
Até domingo, 11 de maio
Entrada gratuita

Foto: Divulgação/ Assessoria de Imprensa

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