Foto: Iracema Chequer
Cerimônia revisitou obras marcantes do teatro baiano e homenageou, entre outras personalidades, o criador do prêmio, Marco Antônio Queiroz, diante de uma plateia lotada
A noite desta quinta-feira (29) entrou para a história da cena teatral baiana. Com o Teatro Sesc Casa do Comércio lotado e o coração da classe artística baiana pulsando forte, a cerimônia de premiação do 30º Prêmio Bahia Aplaude foi mais do que uma celebração à arte, foi um tributo emocionante à trajetória de sonhos, lutas e conquistas que moldaram as artes cênicas da Bahia nas últimas três décadas. Os grandes vencedores desta edição comemorativa foram os espetáculos “Torto Arado” (Adulto), “Infinito” (Infantojuvenil) e “Noiva” (Performance).
Também levaram o troféu para casa Thiago Romero (Direção), pelo trabalho na peça “Candomblé da Barroquinha”, Diogo Lopes Filho (Ator), pela atuação em “Torto Arado”, e Kátia Leal (Atriz), pela entrega em cena na peça “Os dias lindos de Celina Bonsucesso”. Já Paulo Henrique Alcântara foi premiado na categoria Texto pelo espetáculo “Os dias lindos de Celina Bonsucesso” e Jarbas Bittencourt venceu a categoria Especial, pela direção musical e composição do espetáculo “Torto Arado”. A Revelação da edição foi dedicada a Filêmon Cafezeiro e Liz Novais, pela composição do espetáculo “Mukunã: do fio à raiz”.
“São 30 edições que celebram a existência e resistência do teatro baiano. Um prêmio que resiste, se transforma, se renova… que já foi Bahia Aplaude, Copene, Braskem, e agora revisita sua origem e recebe de volta o seu primeiro nome. Um prêmio que é mais do que uma celebração à arte e aos artistas baianos. É símbolo de vitória e de crença que o teatro é ferramenta de mudança e transformação”, destacou o mestre de cerimônia, o ator Fábio Vidal.
Vencedor na categoria Ator, Diogo Lopes Filho não compareceu à cerimônia por estar em cena no Rio de Janeiro com “Torto Arado”, onde o espetáculo está lotando um teatro com capacidade para mil pessoas. Representado pelo diretor da peça, Elísio Lopes Júnior, sua mensagem foi lida ao público.
“Já fui indicado algumas vezes e não fui agraciado com o prêmio. Isso nunca diminuiu o valor do meu trabalho, e não diminuirá o de Lúcio, de Leandro, Sobral e de Leone. Fazer arte é se pôr à prova todos os dias, ao escrutínio da plateia e dos críticos, e viver o risco de provocar emoções e pensamentos. Levei um tempo até entender que esse momento, que parece de disputa, deve ser encarado como celebração. Somos vaidosos, somos humanos. Parabenizo o prêmio pelo mérito de catalogar a produção teatral da Bahia na história recente. Sigamos resistentes. Muito obrigado”, afirmou o ator.
Já a vencedora na categoria Atriz, Kátia Leal, realçou que estar de mãos dadas para a cultura é, antes de tudo, fortalecer as instituições, fortalecer a democracia e fortalecer a cidadania. “Essa celebração é a possibilidade da gente dizer: estamos vivos, estamos aqui e estaremos sempre. O melhor está por vir. E digo, não para nós, artistas. Digo para a humanidade. Porque a força que nos trouxe para esse mundo me faz crer que estamos aqui para sermos felizes, para ser vencedoras. Então eu faço minhas as palavras da personagem Celina Bonsucesso: ‘o melhor ainda está por vir’.”
Além dos troféus, os vencedores das categorias Espetáculo Adulto e Espetáculo Infantojuvenil receberam, cada um, prêmio no valor bruto de R$ 30 mil. As demais categorias foram premiadas com R$ 5 mil cada.
O 30º Prêmio Bahia Aplaude é uma realização da Aplaude Produções e Ministério da Cultura, sob a coordenação da Caderno 2 Produções, com patrocínio da Braskem e do Governo do Estado da Bahia, por meio do Programa Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda; e Cateno, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Homenagens – Sob muitos aplausos, subiram ao palco os homenageados Marco Antônio Queiroz, criador do Prêmio, e o jornalista José Cerqueira Filho, que juntos abraçaram a ideia do Troféu Bahia Aplaude em 1993 e o transformaram na mais tradicional premiação do teatro baiano. “Não foi fácil chegar até aqui. Houve momentos em que o apoio institucional balançou e ouvimos que a premiação ia acabar. Mas seguimos em frente, com persistência e criatividade. Hoje, vendo o palco ocupado por uma nova geração, me emociona perceber que essa história continua”, declarou Cerqueira.
“Ao longo de três décadas, o prêmio se consolidou como um dos pilares da valorização do teatro baiano. Surgido de um projeto cultural gestado por muitos, ele é filho prodígio de artistas, produtores, jornalistas e incentivadores que contribuíram com ideias, trabalho e paixão. Mas, como toda grande história, essa também tem uma figura materna. Essa mãe tem nome: Jorge Albuquerque. Há 30 anos, Jorge cuida desse prêmio com dedicação rara. Esse prêmio não existiria sem ele. É amor de mãe mesmo”, discursou Queiroz.
Também receberam a homenagem o jornalista, colunista e crítico teatral Marcos Uzel, que lançará, ainda este ano, um livro sobre os 30 anos do Prêmio Bahia Aplaude, e a atriz Ana Paula Bouzas, reconhecida como uma mulher, artista e mãe cuja presença cênica é considerada única. Ela foi aplaudida de pé e aclamada com a exibição de depoimentos de amigos e parceiros de cena, como Lázaro Ramos, Sérgio Machado e Elísio Lopes Júnior.
“Eu estou imensamente grata por estar ocupando esse espaço. Para mim, é um abraço forte, como eu gosto de dar. Um abraço de amor, de respeito, de reconhecimento. Sinto uma responsabilidade que transcende o fazer artístico, porque eu trago muita gente em mim: os primeiros artistas que vi, os que estiveram nas primeiras salas de ensaio comigo, os que me inspiraram, me ensinaram. Quero agradecer por essa oportunidade de renovar o compromisso com esse teatro baiano tão potente. E preciso agradecer uma mulher que, como tantas, teve o sonho interrompido, mas foi suporte para outros. Mãe, muito obrigada. Se não fosse você, eu não teria conseguido”, agradeceu Ana Paula Bouzas.
Para Marcos Uzel, o prêmio é mais que um reconhecimento; é a celebração da memória como ato de afeto e resistência. “Ter nas mãos essa estatueta que carrega três décadas de memória do teatro baiano é profundamente impactante. Memória é um bem precioso. Para projetar o futuro do nosso teatro, precisamos cuidar do presente e guardar o passado. No próximo semestre, lanço ‘A Noite do Teatro Baiano – 30 anos’, e esse prêmio chega como um sopro de força para seguir contando as histórias que fazem do teatro um patrimônio vivo da Bahia”, revelou.
Assim como valoriza quem fortalece o cenário atual do teatro baiano, o Prêmio Bahia Aplaude também reverenciou figuras que marcaram sua história e deixaram saudades. “A Morte é a pausa entre dois atos de uma peça que nunca deixa de ser encenada”, recitou o mestre de cerimônia, Fábio Vidal, após uma sequência comovente de imagens em homenagem a Yumara Rodrigues, Antônio Godi, Carlos Pitta, Ery, Wanda Chase, Augusto Conceição, Wilson D’Argolo, Edy Star e Franco Barreto.
Resgate de Clássicos – A partir do tema “Central dos Sonhos: o show começa aqui”, o evento transformou o palco em um verdadeiro portal do tempo, costurado por homenagens, números musicais e cenas originais que fizeram referências a espetáculos icônicos do teatro baiano dos últimos 30 anos, como Merlin, A Bofetada, Pariré, O Sapato do Meu Tio, Policarpo Quaresma, Exú, a Boca do Universo e muitos outros.
Com roteiro e direção artística de Ridson Reis, direção musical de Jarbas Bittencourt e coreografia de Arismar Adoté, a encenação foi protagonizada pelas personagens Jaqueline e Juliete, interpretadas pelas atrizes Heloísa Jorge e Mariana Borges. Em meio à venda fictícia de ingressos, a dupla arrancou risadas da plateia e reviveu momentos e canções clássicas da dramaturgia local, com trechos de espetáculos como Da ponta da língua à ponta do pé, Cabaré da Rrrraça e Um tal de Dom Quixote.
A cerimônia brilhou mais ainda com a presença de artistas e convidados que cruzaram o tapete vermelho. Entre eles, estiveram os elencos dos espetáculos indicados, a presidente da Funarte Maria Marighella, o diretor teatral Luiz Marfuz, os atores Frank Menezes e João Lima, a produtora cultural Ramona Gayão e a diretora Global de Marketing e Comunicação da Braskem Ana Laura Sivieri. A transmissão completa, tanto das entrevistas no tapete vermelho quanto da premiação, tem tradução em libras e está disponível no canal do YouTube Teatro da Bahia (https://www.youtube.com/@teatrodabahia).
Vencedores Prêmio Bahia Aplaude 2025
Categoria ESPETÁCULO ADULTO: Torto Arado
Indicados: Candomblé da Barroquinha, Hoje é dia de Rock, Homem é Homem, Os dias lindos de Celina Bonsucesso, Torto Arado.
Categoria ESPETÁCULO INFANTOJUVENIL: Infinito
Indicados: Casa Barriga, Infinito, Meninas contam a Independência.
Categoria PERFORMANCE: Noiva
Indicados: Ex-passo, Noiva.
Categoria DIREÇÃO: Thiago Romero (Candomblé da Barroquinha)
Indicados: Caio Rodrigo e Pedro Benevides (Homem é Homem), Daniel Marques (Hoje é dia de Rock), Elísio Lopes Júnior (Torto Arado), Márcio Meirelles (Sr. Oculto), Thiago Romero (Candomblé da Barroquinha).
Categoria ATOR: Diogo Lopes Filho (Torto Arado)
Indicados: Diogo Lopes Filho (Torto Arado), João Vitor Sobral (Hoje é dia de Rock), Leandro Santolli (Chame Gente), Lúcio Tranchesi (Homem é Homem), Mano Leone (Hoje é dia de Rock).
Categoria ATRIZ: Kátia Leal (Os dias lindos de Celina Bonsucesso)
Indicados: Ella Nascimento (Felebé, felebé! Meu amigo é meu dinheiro), Larissa Luz (Torto Arado), Kátia Leal (Os dias lindos de Celina Bonsucesso), Sibele Lélis (Flor d’água, mulher do rio), Vika Mennezes (Mukunã: do fio à raiz).
Categoria TEXTO: Paulo Henrique Alcântara (Os dias lindos de Celina Bonsucesso)
Indicados: Aldri Anunciação, Fábio Espírito Santo e Elísio Lopes Júnior (Torto Arado), Daniel Arcades (Candomblé da Barroquinha), Gildon Oliveira (Nó), Mônica Santana (Sr. Oculto), Paulo Henrique Alcântara (Os dias lindos de Celina Bonsucesso).
Categoria REVELAÇÃO: Filêmon Cafezeiro e Liz Novais (Mukunã: do fio à raiz)
Indicados: Caio Rodrigo e Pedro Benevides (cenografia de Homem é Homem), Danilo Cairo e Leandro Santolli (texto de Chame Gente), Filêmon Cafezeiro e Liz Novais (composição de Mukunã: do fio à raiz), Mafá Santos (sonoplastia de Bicho de duas patas), Rodrigo Queiroz (direção de Casa Lamentos).
Categoria ESPECIAL: Jarbas Bittencourt (Torto Arado)
Indicados: Guilherme Hunder (figurinos de Infinito e Monocontos), Jarbas Bittencourt (direção musical e composição de Torto Arado), Luciano Salvador Bahia (direção musical e arranjos de O Mar de Caymmi), Sibele Lélis (composição e trilha sonora de Flor d’água, mulher do rio), Thiago Romero (direção de arte de Candomblé da Barroquinha).
Sobre o Prêmio Bahia Aplaude – Com três décadas de uma trajetória que reconhece e celebra os destaques das artes cênicas baianas, o Prêmio Braskem de Teatro passa a se chamar Prêmio Bahia Aplaude. O nome homenageia as origens da premiação, que começou como Troféu Bahia Aplaude e agora expande sua assinatura para novas parcerias. Site oficial: https://www.bahiaaplaude.com.br/.
O intuito é fortalecer a cadeia criativa do teatro, dando possibilidade de agregar outras marcas que acreditam no grande potencial transformador da arte, assim como a Braskem, forte impulsionadora do teatro baiano.
Sobre a Braskem – A Braskem é uma empresa petroquímica global, orientada para o ser humano, com olhar para o futuro, que cultiva relacionamentos sólidos e gera valor para todos. Oferecendo soluções sustentáveis da química e do plástico para melhorar a vida das pessoas, a petroquímica possui um completo portfólio de resinas plásticas e produtos químicos para diversos segmentos, como embalagens alimentícias, construção civil, industrial, automotivo, agronegócio, saúde e higiene, entre outros. A Braskem acredita que a inovação disruptiva é o único caminho possível para se estabelecer uma nova relação com o planeta, por isso, escolhe agir no presente, promovendo a circularidade do plástico e impulsionando a revolução dos materiais de base biológica. Com 40 unidades industriais no Brasil, EUA, México e Alemanha, a companhia exporta seus produtos para clientes em mais de 71 países por meio de seus 8.500 mil integrantes que atuam globalmente em um modelo de gestão que demonstra o compromisso com a ética, respeitando as normas de conformidade em todos os países e garantindo o respeito à competitividade responsável. Mais informações: https://www.braskem.com.br/.
Sobre o Fazcultura – O Fazcultura é o Programa Estadual de Incentivo ao Patrocínio Cultural da Bahia, instituído pela Lei Nº 7.015/1996, executado pela Secretaria de Cultura – SecultBa em parceria com a Secretaria da Fazenda – Sefaz. O programa contribui para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia, ao tempo em que possibilita às empresas patrocinadoras associarem sua imagem diretamente às ações culturais que considerem mais adequadas. O Governo da Bahia assegurou, em 2024, R$15 milhões para a iniciativa, que promove ações de patrocínio tendo como base a renúncia de recebimento do Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS pelo Estado, em favor da aplicação direta em projetos e atividades culturais. É uma ação do Estado que une fazedores de cultura, empresas patrocinadoras de interesse social e cultural e toda a população, em diversos eventos e projetos artísticos-culturais de diversas linguagens e está disponível para ser acessado pelo Campo Cultural em todo o território baiano. A principal finalidade do programa é patrocinar financeiramente projetos e atividades que se enquadrem na Política Cultural do Estado, a partir da Lei Orgânica de Cultura da Bahia (Lei de nº 12.365/2011).