IBGE aponta aumento na porcentagem da população feminina que conclui a faculdade; no Dia da Mulher, a trajetória de uma reflete a luta de muitas em busca do diploma
A última década trouxe avanços significativos na educação das mulheres no Brasil. Segundo o IBGE, entre 2012 e 2022, a porcentagem de mulheres com 25 anos ou mais que concluíram o Ensino Superior subiu de 14% para 21,3%. Entre mulheres pretas e pardas, esse número quase dobrou, de 7,7% para 14,7%. No Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (8), é essencial celebrar trajetórias que evidenciam a força, a resiliência e a conquista feminina.
Os dados não são apenas estatísticas – são reflexos de histórias como a de Tamiris Aragão, uma jovem advogada que transformou desafios em conquistas e simboliza a luta de tantas outras mulheres pelo direito ao conhecimento e à autonomia.
A profissional sempre soube que a educação era sua maior ferramenta para um futuro melhor, no entanto, sua jornada nunca foi fácil. Desde cedo, precisou equilibrar uma rotina intensa de trabalho com os desafios da graduação em Direito na Estácio. Seu primeiro contato com o universo jurídico aconteceu enquanto trabalhava como aprendiz na instituição de ensino, onde encontrou inspiração para seguir sua paixão. “Eu não podia me dar o luxo de apenas estudar. Sempre precisei fazer as duas coisas ao mesmo tempo: trabalhar e estudar. Durante os cinco anos da faculdade, abdiquei de momentos com amigos e família para me dedicar aos estudos”, relembra a advogada.
Como tantas mulheres periféricas, Tamiris enfrentou barreiras estruturais que tornavam sua caminhada ainda mais árdua: transporte público precário, cansaço extremo, noites em claro estudando para provas. Houve momentos de dúvida e medo, mas a cada desafio superado, uma nova motivação surgia para seguir em frente. “Sempre acontecia algo para me incentivar, para me mostrar que eu estava no caminho certo”, afirma.
Desistir não era opção
De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2024, o índice de evasão da educação superior no Brasil chega a 57,2% entre as redes pública e privada. Segundo Tamiris, o apoio de professores e colegas foi essencial para não desistir. Inspirada por docentes apaixonados, identificou-se com o Direito Previdenciário, Trabalhista e de Família, áreas que refletem seu desejo de transformar vidas. “Meu desejo de atuar nessas áreas veio da influência de professores da Estácio, que mostraram que quando amamos o que fazemos, tudo se torna mais fácil”, conta Tamiris Aragão.
A experiência como aprendiz também foi um diferencial. Além de estudar, trabalhava na instituição e encontrou ali uma rede de apoio que a fortaleceu. “Trabalhar na Estácio foi uma experiência especial. Tive apoio de colegas que me incentivaram na escolha do curso, e alguns professores que me davam aula à noite eram meus colegas de trabalho durante o dia. Isso fez toda a diferença para mim”, diz a advogada.
Desafios de gênero no mercado de trabalho
Mulheres são maioria no Ensino Superior, elas são 55% dos estudantes ingressantes, 57% dos matriculados e 61% dos concluintes dos cursos de graduação, no entanto, a conquista do diploma não significa o fim dos desafios. Como mulher negra e jovem advogada, Tamiris ainda enfrenta um mercado de trabalho marcado por desigualdades e preconceitos. “Enfrento resistência, muitas vezes, acreditam que os homens são mais capazes, que a experiência masculina pesa mais. Mas eu busco provar o contrário com meu trabalho. Se me subestimam, me esforço ainda mais para mostrar do que sou capaz”, enfatiza.
No Dia Internacional da Mulher, histórias como a de Tamiris reforçam a importância de dar voz às mulheres que enfrentam barreiras, mas seguem conquistando seus espaços. Cada desafio superado é uma vitória coletiva, um avanço para todas. Tamiris é a prova de que as mulheres têm o poder de transformar suas vidas e inspirar outras. “As dificuldades vão surgir, mas quando queremos algo de verdade, conseguimos. Acredito no poder das mulheres e na nossa capacidade de conquistar tudo aquilo que desejamos”, finaliza.
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