Dia Mundial do Café: mercado de grãos gourmets e especiais cresce no RN

Foto: Divulgação

Alta do produto tradicional e extraforte abre espaço para investimento em cafés de maior qualidade; fornecedora potiguar, Itália Minas triplicou faturamento em três anos e planeja expansão

Celebrado mundialmente nesta segunda-feira (14), o café se mantém em destaque no cotidiano do brasileiro comum – que aumentou o consumo da bebida mesmo diante da alta de até 39,36% no valor do grão tradicional e extraforte nos supermercados. A análise vem de dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), que informa que 21,9 milhões de sacas de café foram consumidas no país em 2024, resultando em um valor 1,1% acima do ano anterior, o que deixa o Brasil atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial.

Neste cenário, onde a indústria do grão torrado no Brasil deu um salto ainda mais surpreendente, de mais de 60% no seu faturamento interno em 2024, especialistas enxergam o mercado do café gourmet e especial como um ramo interessante para abrir, manter e ampliar negócios. 

“Nos últimos cinco anos, vimos um movimento generalizado do público para saber mais sobre os produtos que consomem – vinho, chocolate e, principalmente, café. E quanto mais as pessoas aprendem, mais exigentes se tornam por qualidade, o que aquece bastante o mercado de cafés superiores, gourmets e especiais, que já era promissor, afinal, as pessoas tomam café todo dia. Mas hoje, além do café tradicional e extra forte, vemos um interesse bem maior nessas categorias acima, assim como nos processos de extração, seja como um hobby, seja como negócio”, comenta Matheus Grillo, barista e consultor de cafeterias.

Ainda de acordo com a Abic, quando comparadas as categorias, os cafés gourmets sofreram um aumento moderado de 16,17% enquanto os especiais aumentaram 9.80%, frente aos quase 40% dos tradicionais e extra fortes, mais fáceis de encontrar nas gôndolas. Há alguns anos, os empresários Cristina Possionato e Antonio Esteves já enxergavam o potencial desses produtos de maior qualidade quando decidiram vir de Fortaleza para Natal para assumir a administração da Café Company, hoje Itália Minas. 

Atuando de forma 360° no setor, a empresa conseguiu triplicar seu faturamento no último triênio e se tornou a principal distribuidora de grãos para cafeterias e outros estabelecimentos em Natal e interior do RN, com uma base de 100 clientes apenas no ramo de locação de máquinas de espresso.

“Começamos com a locação e venda, somada à assistência técnica para o maquinário, e hoje, além de sermos fornecedores de insumos, somos formadores de mão de obra com treinamento e cursos para baristas, além de termos nosso showroom aberto como cafeteria para o cliente final, o que criou um verdadeiro ecossistema para alimentar o crescimento do nicho como um todo”, explica Cristina, que é barista certificada pela Specialty Coffee Association (SCA).

Espaço para crescimento

Conforme dados da Junta Comercial do Estado do RN (Jucern), hoje estão abertos no RN 17.691 estabelecimentos que operam na categoria CNAE 5611-2/03, que envolve restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas, como cafeterias, lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares. Segundo Cristina Possionato, os próximos passos da empresa envolvem aumentar o espaço físico e a equipe da companhia para atender melhor essa fatia do mercado potiguar, que tem uma demanda em crescimento exponencial. 

Apenas em fevereiro, de acordo com a barista, mais de 1 tonelada de café foi vendida para não apenas estabelecimentos de alimentação, mas também “barbearias, clínicas, hospitais e até concessionárias”, que também fazem parte do rol de clientes. 

Marca própria e expansão para o Nordeste

Outro objetivo é se tornar uma indústria dos itens próprios da marca Itália Minas. “Hoje, trabalhamos com marcas como Prima Qualitá, Nobre Vita, Camocim e Santa Alcina, mas sob o nosso selo, temos o grão Superior, que fica acima do tradicional, e o grão Gourmet, cafés de qualidade vindos da Cooperativa Cooxupé, em Guaxupé-MG. E também o pó para cappuccino e o chocolate, cuja produção é local, com alta saída, e por isso estamos planejando um incremento para fabricar em larga escala”, explica Cristina.

De acordo com a Abic, o Nordeste é a região do país responsável pela segunda maior fatia de consumo interno de café, com 26,9% – atrás apenas do Sudeste. Com isso em mente, a empresa também caminha para atuar na Paraíba, mas com pequenos passos. 

“Nós nos preocupamos primeiro com o pequeno para depois pensar grande, então começamos com a forma que as nossas atendentes seguram a xícara ao servir o café, até o macro do negócio, e é esse cuidado que faz com que nosso crescimento seja estável, e espero que longevo”, encerra Cristina. 

Compartilhe o post:

VEJA MAIS NOTÍCIAS

Pesquisa aponta que brasileiros pretendem gastar até R$ 100 em Ovos de Páscoa

Levantamento aponta que o aumento dos preços influenciou na decisão de compra Os brasileiros estão sentindo no bolso o aumento nos preços...

Efeitos dos feriados nacionais e reginais no setor terciário

Fecomércio-PE explica impactos distintos dos feriados sobre o comércio e o turismo em Pernambuco A Federação do comércio de bens, serviços e...

Coquetel Molotov Negócios divulga programação para Campina Grande

Foto: Divulgação Inscrições podem ser feitas até o dia 30 de abril  Um dos eventos mais importantes de fomento à cultura, o Coquetel...

plugins premium WordPress