O poder do abraço e os efeitos de sua ausência

Aparentemente simples, gesto possui profundo significado emocional. No entanto, em meio à correria da vida moderna, muitas pessoas – especialmente crianças e idosos – vivem à margem do afeto, cuja falta está adoecendo gerações. Foto: Divulgação/ Assessoria de Imprensa

Em 22 de maio, celebra-se o Dia do Abraço: hábito que deveria ser corriqueiro, mas que, para muitas pessoas, representa justamente aquilo o que mais falta em suas vidas: o contato humano. Em um mundo cada vez mais acelerado e digitalizado, especialmente crianças e idosos acabam sendo as maiores vítimas da carência afetiva.

A psicologia já comprovou, há décadas, o poder transformador de um simples e genuíno abraço. Experimentos clássicos, como os de Harry Harlow com macacos, demonstraram que o afeto é tão vital quanto a alimentação. Quando os filhotes tinham que escolher entre uma “mãe” de arame que fornecia comida e outra de tecido macio que oferecia apenas aconchego, eles passavam a maior parte do tempo agarrados à mãe fofa, buscando nela conforto e segurança. Essa descoberta revolucionária mostrou que o carinho não é um luxo, mas uma necessidade básica do desenvolvimento emocional.

Um abraço vai muito além do contato físico: transmite segurança, acolhimento e pertencimento. A psicóloga Karina Siqueira, do Hapvida, explica que a privação de afeto pode gerar consequências graves, principalmente em fases vulneráveis da vida, como a infância e a velhice. “A falta de carinho e atenção pode levar a traumas profundos”, afirma a especialista.

Crianças e telas: o afeto substituído por distrações

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o excesso de telas e a falta de interação humana estão criando uma geração que sabe deslizar o dedo numa tela, mas não sabe lidar com suas próprias emoções. Dados da Sociedade Brasileira de Psicologia revelam que crianças privadas de afeto têm 30% mais chances de desenvolver ansiedade e depressão na vida adulta. Na era digital, muitas recebem tablets e celulares no lugar de atenção e abraços. Segundo a especialista, a OMS aponta que a falta de interação humana pode levar a problemas de desenvolvimento emocional, como dificuldades de socialização e aumento da ansiedade infantil. “Uma criança que não recebe afeto pode desenvolver inseguranças, baixa autoestima e até transtornos emocionais. O contato físico e o diálogo são insubstituíveis”, reforça Karina Siqueira.

Idosos e o abandono afetivo: solidão no fim da vida

Se a situação é preocupante para as crianças, para os idosos ela se torna dramática. O IBGE revela que 40% dos idosos brasileiros sofrem com a solidão. Muitos passam meses sem receber um abraço, um “eu te amo”, ou mesmo uma visita de familiares. “O que mais escuto no consultório são idosos dizendo que não se lembram da última vez que foram abraçados”, relata Karina. A psicóloga explica que, na terceira idade, quando as reflexões existenciais se intensificam, a falta de afeto pode acelerar processos degenerativos e piorar quadros de depressão, o que, segundo estudos, pode até levá-los à morte.

O mais cruel nessa equação é que todos nós sabemos o valor de um abraço. Quem nunca sentiu o alívio imediato de ser acolhido em um momento difícil? A ciência explica que isso acontece porque o contato físico libera ocitocina, o hormônio que reduz o estresse e aumenta a sensação de bem-estar. Um simples abraço pode baixar a pressão arterial, fortalecer o sistema imunológico e até aliviar dores físicas.

22 de maio é um convite para abraçar mais

Neste 22 de maio, enquanto celebramos o Dia do Abraço, vale a reflexão: quantas crianças em nossas casas estão sendo educadas mais por algoritmos do que por afeto? Quantos idosos em nossas famílias estão definhando por falta de um contato humano genuíno? “A solução está ao alcance de nossos braços – literalmente. Desligar o celular para brincar com uma criança, visitar um parente idoso e oferecer aquele abraço demorado que a correria do dia a dia nos faz esquecer. Afinal, todos nós precisamos de algo simples, mas essencial, que é o calor de um outro corpo que nos diga, sem palavras, que não estamos sozinhos”, completa Karina Siqueira.

“Que neste 22 de maio – e em todos os dias – o abraço seja mais do que um gesto, mas um ato de resistência contra a solidão”.

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