Daniel Gomes, CEO da Atlantic Data Centers, abordou oportunidades e gargalos que o setor enfrenta no Brasil. Foto: Divulgação
Durante o Fórum de Certificação 2025, promovido pela Anatel, Daniel Gomes, CEO da Atlantic Data Centers e membro do conselho da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), apresentou a palestra “Eficiência Energética em Data Centers: Desafios e Oportunidades”. O executivo abordou o crescimento acelerado do consumo energético impulsionado pela Inteligência Artificial e os principais desafios enfrentados pelo setor, como a disponibilidade elétrica, a carga tributária sobre equipamentos e a necessidade de segurança jurídica. O evento foi realizado na última quarta-feira (11.06), em Brasília, reunido especialistas e representantes de diversas entidades.
Na apresentação, Daniel destacou o potencial competitivo do Brasil, que possui uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, e apresentou um conjunto de estratégias para aumentar a eficiência operacional dos data centers. Entre elas, estão o uso de tecnologias de free cooling e liquid cooling, equipamentos elétricos de alta eficiência (como UPSs e baterias), projetos arquitetônicos inteligentes, automação dinâmica de climatização, balanceamento de carga com uso de machine learning, integração com fontes renováveis via mercado livre e PPAs, além de uma cultura contínua de monitoramento e melhoria.
“A eficiência energética já não é apenas uma meta ambiental, é uma exigência econômica e estratégica para a sustentabilidade do setor”, afirmou Daniel. Um estudo prático mostrou que a queda no índice PUE (Power Usage Effectiveness) de 1,8 para 1,4 pode representar uma economia mensal de R\$ 1,15 milhão em um data center com carga de TI de 10 MW.
O consumo de IA generativa vem crescendo de forma exponencial. Até abril deste ano, foram feitas mais de 1 bilhão de consultas. Uma única consulta a sistemas de IA generativa pode consumir até 10 vezes mais energia do que uma busca comum, exigindo soluções inovadoras e sustentáveis para o futuro digital. “Ser eficiente deixou de ser apenas uma questão operacional: tornou-se um critério de sobrevivência e liderança no mercado”, afirmou Gomes.
O painel também abordou tendências globais, como as exigências da União Europeia para descarbonização digital e as políticas restritivas adotadas em Singapura, ressaltando que o Brasil tem uma oportunidade única diante de sua matriz energética majoritariamente limpa. O executivo também alertou para os gargalos regulatórios e estruturais do setor no Brasil, como a disponibilidade elétrica e a tributação sobre equipamentos, defendendo políticas públicas que incentivem a inovação e a sustentabilidade.