Sustentabilidade, consumo consciente e preços acessíveis são os pilares desse tipo de empreendimento
Montar um enxoval para um bebê é emocionante e desafiador. As roupinhas são lindas, mas muitas são pouco usadas devido ao rápido crescimento das crianças. Brechós infantis oferecem uma alternativa econômica e sustentável para enxovais mais baratos e desapegos. Em Balsas, o brechó Crescer e Desapegar exemplifica o sucesso da economia circular, beneficiando o meio ambiente e a comunidade local.
Ana Rita Falcão, proprietária do brechó, compartilha sua jornada que se iniciou em 2021. “Comecei o (brechó) Crescer e Desapegar com a ideia de trabalhar com algo que pudesse beneficiar outras pessoas e o meio ambiente. A moda circular era um conceito novo para mim, mas logo percebi seu potencial”, conta.
Inicialmente vendendo peças do guarda-roupa de sua filha, Ana Rita expandiu seu negócio para um espaço maior devido à crescente demanda. A loja atualmente conta com um estoque de mais de 3 mil peças, entre novas e seminovas, para crianças de zero a 12 anos, além de acessórios.
Hoje, a empreendedora já contratou uma colaboradora para atender os clientes, está com um espaço novo, mais central, e animada com o crescimento do negócio, que já possui clientes em cidades como Araguaína, São Raimundo das Mangabeiras, Loreto, Tasso Fragoso, São Félix de Balsas e Riachão.
Ana Rita destaca a importância do apoio do Sebrae em sua trajetória. “O Sebrae foi um divisor de águas para o meu negócio. Aprendi a comprar de forma consciente e a estruturar melhor a loja, o que tem sido essencial para o nosso crescimento”, afirma.
Com a necessidade de renovar o guarda-roupa infantil com frequência, devido ao rápido crescimento das crianças, a compra de roupas usadas em brechós oferece múltiplas vantagens. “Percebo que as mamães têm dificuldade de desapegar, mas aos poucos estamos mudando esse pensamento”, afirma a empreendedora. Ela explica que as peças passam por uma triagem, são desinfetadas e só depois disponibilizadas para venda. Além do espaço físico, o brechó faz entregas.
A recepcionista Ana Carolina Ferreira, cliente da loja, conta um pouco da sua experiência. “Eu conheci a loja pelo Instagram e logo me identifiquei. As crianças têm muitas roupinhas que muitas vezes nem são usadas. Então, é ótimo para as mamães venderem e também comprarem”, explica.
Cenário Maranhense
A moda circular oferece um modelo alternativo ao ciclo de “consumir e descartar”, prolongando a vida útil das roupas por meio da reutilização, reciclagem e renovação. Isso minimiza o desperdício têxtil e a extração de recursos naturais. Brechós infantis, como o Crescer e Desapegar, apresentam esse conceito para os consumidores locais.
Atualmente, o Maranhão possui 78 empresas registradas como comércio varejista de outros artigos usados, incluindo brechós. Quando consideradas as empresas com essa atividade como secundária, o total sobe para 1.040 negócios, com 727 Microempreendedores Individuais (MEI), 269 Microempresas (ME), 28 Empresas de Pequeno Porte (EPP), 15 de médio ou grande porte e 1 sem fins lucrativos (SFL). Muitos ainda atuam informalmente.
O gestor de atendimento do Sebrae em Balsas, Hiago Aravena, ressalta a importância da sustentabilidade e das oportunidades para pequenas empresas. “No mundo atual, os empreendedores não podem perder de vista a necessidade de pensar em sustentabilidade, um dos princípios das ODS da ONU. Essa também é uma oportunidade para as pequenas empresas agregarem valor aos seus produtos e serviços. No Sebrae, oferecemos consultorias, capacitações e ferramentas para ajudar a implementar práticas de economia circular em seus negócios.”
O tema tem sido tratado em eventos como a Expo Indústria Maranhão, em novembro passado, onde o Sebrae promoveu um talk sobre moda circular e consumo consciente, além de oferecer consultorias e cursos que incentivam a formalização e profissionalização de pequenos negócios.