Os eventos, que acontecem de 15 a 17 de agosto, trarão mesas-redondas, oficinas, vivências com mestres da cultura, feiras de cordéis, espaço de gastronomia, sarau e apresentações culturais
De 15 a 17 de agosto, a cidade de Quixadá, no Ceará, vai se transformar na cidade brasileira da literatura de cordel. O município irá sediar a II Festa da Literatura de Cordel (FLIC) e o II Seminário de Patrimônio Cultural do Sertão Central – 2024, que trazem como tema “O cordel cantando a poesia do sertão”. Os eventos são frutos da parceria do Sebrae/CE com a Casa de Saberes Cego Aderaldo, espaço da Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará).
Durante os três dias, os dois eventos trarão uma programação de mesas-redondas e oficinas, vivências com mestres da cultura, feiras de cordéis, espaço de gastronomia, sarau e apresentações culturais, com atividades na Casa de Saberes Cego Aderaldo e Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Quixadá.
A realização da FLIC faz parte das ações do Sebrae/CE no sentido de reconhecer e valorizar a riqueza cultural do cordel, bem como de fomentar o desenvolvimento dos pequenos negócios criativos que atuam na cadeia produtiva da criação, comercialização e distribuição do cordel.
A primeira edição da festa literária foi realizada em 2023, em Fortaleza, em parceria com a Academia Brasileira de Letras. Já para a edição de 2024, o Sebrae/CE conta com um novo parceiro na execução do evento, a Casa de Saberes Cego Aderaldo.
Cordel
A Literatura de Cordel, reconhecida como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a partir de 19 de setembro de 2018, é uma manifestação cultural em forma de poesia, profundamente enraizada nas tradições populares do sertão nordestino.
São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
História
A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-holandês da Idade Contemporânea e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, chamados de cordéis. Inicialmente, eles também continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536).
Foram os portugueses que introduziram o cordel no Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com suas características próprias. Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas , temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
Este tipo de literatura apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:
– As suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do imaginário popular;
_ Pelo fato de funcionar como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda no nordeste do Brasil), a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro;
– Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;
– A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.
Serviço
II Festa da Literatura de Cordel (FLIC) e o II Seminário de Patrimônio Cultural do Sertão Central – 2024
Data: 15 a 17 de agosto
Local: Quixadá
Realização: Sebrae/CE, Casa de Saberes Cego Aderaldo e Academia Brasileira de Letras (ABL)