Antes muito ligados a programas informais e com preços módicos, os balcões foram “gourmetizados” e, neste caso, não é uma crítica. Enquanto alguns ainda mantém sua informalidade, convidando o cliente a chegar e pedir, alguns mais sofisticados e exclusivos são quase uma sessão de cinema, com vista privilegiada para o que acontece dentro da cozinha e do bar, aproximando a relação com o chef ou o bartender, e às vezes até com hora para começar e terminar.
Para se ter uma ideia do quanto alguns deles são objetos de desejo hoje, basta ver a lista do Guia Michelin 2024, que consagrou vários espaços do Brasil que atendem exclusivamente neste formato, como o carioca Lasai. “O que poderia ser mais personalizado, exclusivo e até íntimo do que se sentar frente a frente com o chef, assistir ao trabalho dele com esse nível de proximidade e provar um prato que acaba de ser preparado ali, no auge de seu frescor, diante dos nossos olhos?”, questiona Rosa Moraes, presidente do The World’s 50 Best Restaurants para o Brasil, em entrevista ao jornal O Globo.
Ela reconhece que a tendência cria uma conexão que vai além da experiência do comer, sendo “um momento de intimidade compartilhado com o autor”. Neste sentido, em que a comida vira atração principal e todo o momento gira em função dela, Salvador já oferece algumas opções bem disputadas, de bares a restaurantes.
Com a visão completa da cozinha, por exemplo, 10 sortudos do Segreto Ristorantino podem se sentar em torno da cozinha de finalização, acompanhando de perto o passo a passo do preparo do menu degustação da casa italiana do Grupo Origem. Da mesma forma, permitindo uma imersão maior, o Minibar Gem, no mesmo imóvel do Caminho das Árvores, segue a linha, dando espaço para horas de trocas de experiências e ideias com os simpáticos bartenders Pedro Ivo e Victor Hugo, no speakeasy do premiado Origem.
Falando em bar e em imersão, impossível não falar do Purgatório, outro speakeasy baiano, listado recentemente entre os 500 restaurantes do mundo. Em endereço secreto, informado apenas no ato da reserva, o espaço caiu no gosto do público e, se você tiver sorte, vai conseguir reservar uma das cadeiras do balcão em um dia que o sócio e bartender da casa, Jonatan Albuquerque, ou o head bartender Milo Peligro estiverem na área, preparando drinks clássicos, atemporais e autorais da casa, cuja carta muda constantemente. Atualmente, os 12 arquétipos de Jung brilham em experiências sensoriais únicas.
Outros bares da cidade, inclusive dentro dos restaurantes, permitem experiência parecida, normalmente virados de costas para o salão principal dos seus espaços, destacando a experiência com os drinks e a alquimia de seus preparos. É o caso do discreto Cöa, no Rio Vermelho, com carta de drinks assinada por um dos sócios, o francês Thomas Duprat, para acompanhar o menu do chef suíço Flavien Gallizioli ou para consumo exclusivo, porque não?
Bar do Fasano Salvador (Foto: Xico Diniz), do Fera Palace e do Hotel da Bahia | Fotos: Reprodução/Redes Sociais
Alguns dos principais hotéis da cidade também resgatam e criam suas experiências únicas de bar, permitindo viver uma experiência focada no que se consome, como é o caso do Fasano Salvador, do Fera Palace Hotel e do Wish Hotel da Bahia, cada um com seu estilo único.
No Sette Restaurante, na Ladeira da Barra, o balcão vai além dos drinks. Ali mesmo, de olho na combinação feita entre os insumos, o cliente almoça ou janta, em um formato que ainda não é o mais difundido em Salvador, mas com muito espaço para crescer.
Pensando nesta experiência como tendência, o chef Kaywa Hilton abriu seu Boia Restaurante com opções já neste formato e com foco, na verdade, na cozinha e não nos drinks, estes preparados num bar externo. Em sua nova casa, o mineiro de origem francesa e radicado na Bahia convida o cliente a conhecer sua cozinha do mar – agora, com opções também para os amantes da carne vermelha – num balcão rebaixado de frente para fornos e fogões, acompanhando de perto o que acontece debaixo da coifa.
Falando na combinação de mar e balcão, não tinha como não citar algumas das casas orientais, muito responsáveis em sua “herança” pela cultural dos balcões. Enquanto no Soho Bahia Marina, o balcão tem vista privilegiada para o preparo dos sushis e sashimis exclusivos da casa, no ZŪUK Sushi, no Caminho das Árvores, o destaque é a experiência de bar.
No Oriente Fast, o balcão fica em uma área mais reservada e tem vista do mar do Rio Vermelho, enquanto no Tokai, no Shopping Barra, dois balcões oferecem a dupla experiência, de sentar ao bar ou acompanhar de perto a quase arte da equipe de sushimans da casa.
E as opções não param por aí! Confira outros balcões da cidade, onde experiências especiais te aguardam:
Amado – O bar, logo no lobby de entrada, é um convite para sentar, apreciar o preparo dos drinks, enquanto uma mesa no salão principal ou na fantástica virada em cima do mar não é liberada;
Manga – No Manga Bar, no térreo do casarão que abriga o premiado restaurante no Rio Vermelho, é possível viver uma experiência à parte, de forma mais descontraída, com drinks e cervejas artesanais e alta gastronomia em forma de petiscos;
– The Latvian – o speakeasy da Bahia Marina cresceu e ocupa agora todo o espaço do Macelleria Quitéria, após retrofit; agora, além do lounge corporativo, para conexões, networking e experiências imersivas, o grupo ampliou o salão e trouxe novo espaço dedicado à gastronomia, sem esquecer seus balcões;
– La Bottega – o bar de vinhos, no último andar do imóvel da Villa San Luigi, aposta também em drinks clássicos e autorais, que podem ser consumidos no balcão em ambiente super aconchegante;
– 138 Bar e Restaurante – Instalado dentro do The Hotel, no boêmio Jardim Brasil, o 138, do chef Leo Grimaldi, tem um bar balcão pra chamar de seu e que brilha no happy hour;
– Outback – as unidades do Outback sempre oferecem balcões virados para telões, onde jogos e partidas esportivas estão sempre rolando entre um chopp e outro no Happy Hour.
Fonte: Alô Alô Bahia