Estado é o segundo maior produtor de cachaça de alambique do país; festival que celebra a cachaça chega a João Pessoa em outubro
O dia 13 de setembro marca o Dia Nacional da Cachaça. De tira-gosto pós-almoço a símbolo cultural, de ingrediente na tradicional culinária nordestina a elemento essencial da alta gastronomia, a cachaça é uma das bebidas mais versáteis, populares e emblemáticas das culturas do Brasil e do Nordeste.
A Paraíba se destaca tanto regional quanto nacionalmente na produção do produto: o estado é o segundo maior produtor de cachaça de alambique do Brasil, com mais de 100 engenhos em funcionamento que produzem, anualmente, cerca de 25 milhões de litros da bebida – volume menor apenas que o do estado de Minas Gerais. Em todo o Brasil, são 1.217 cachaçarias registradas .
“A cachaça está muito arraigada dentro da nossa cultura, da nossa história”, comenta o Diretor de Turismo da Secretaria de Turismo da Paraíba, Miguel Ângelo. “É uma bebida que marcadamente tem a ver com as nossas origens enquanto povo, que remonta desde o período da colonização. E para a Paraíba ela tem um sabor muito especial: as nossas cachaças estão entre as melhores do Brasil”, acrescenta.
Tamanha é a importância da cachaça para a economia e a cultura do estado e do Brasil que ela ganhou um festival especial com destaque para os principais produtores nacionais: o Festival Brasil Cachaças, que explora a história, o impacto econômico e a influência cultural da bebida em nosso país e reúne produtores, comerciantes e apreciadores. O evento vai acontecer entre os dias 23 e 26 de outubro em vários pontos de João Pessoa, como o Espaço Cultural José Lins do Rego, o auditório do Sebrae e o Hotel Globo, além do Engenho Granraiz.
“O Brasil Cachaças chega mais uma vez a João Pessoa para celebrar e apresentar ao mercado e ao público em geral as últimas novidades dessa bebida que é tão importante para as culturas paraibana e nacional. O evento vai oferecer palestras, concursos, degustações e vivências que, acreditamos, serão experiências extremamente enriquecedoras tanto para profissionais da área quanto para apreciadores da cachaça”, explica Fernanda Melo, organizadora do evento.
Do Brasil para o mundo, cachaça conquista paladares
Hoje, a cachaça é apreciada em todas as classes e alçada como símbolo de identidade nacional – no Brasil e no mundo. Além de produzirem para o mercado interno, as cachaçarias brasileiras levam a cachaça como produto cultural e gastronômico nacional para países de todos os continentes.
Em 2023, de acordo com o Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa), o setor registrou mais de R$ 111 milhões em exportações, o maior montante da série histórica. Os Estados Unidos são o principal mercado consumidor, representando 23% das exportações.
Mas a realidade nem sempre foi essa. De acordo com o bartender e mixologista Laércio Zulu, vencedor do prêmio World Class Brasil (o Oscar da coquetelaria) e um dos principais nomes do setor no país, até pouco tempo a bebida era vista como um produto inferior mesmo entre os brasileiros.
“Há 15 anos, as pessoas achavam que a cachaça servia apenas para fazer caipirinhas – os clientes chegavam a rir se oferecermos a cachaça em algum outro tipo drink da coquetelaria clássica”, diz o especialista.
Segundo Zulu, a cachaça começou a ser incorporada maciçamente à coquetelaria nacional após superar décadas de preconceito. “A cachaça vem crescendo nesse mercado e sendo cada vez mais vista por profissionais e pelo público como produto gastronômico de fato. Agora, estamos começando a lidar com os destilados de forma geral sem tanto viralatismo, colocando a cachaça num mesmo patamar que bebidas como o whisky, conhaque, rum e gim”, explica.
Para o mixologista, eventos que exploram a riqueza gastronômica e cultural da cachaça, como Brasil Cachaças, são essenciais para que a bebida siga superando os estereótipos ainda existentes e alcance um público cada vez maior.
“Eventos como esse ajudam muito a aproximar novas pessoas desse mercado, a entender que existem sim cachaças de qualidade e de alto valor gastronômico”, avalia. “Serão diversas marcas, profissionais, produtores e apreciadores que poderão desmistificar uma série de rumores que ainda circulam dentro da nossa cadeia de produção”, conclui.